Polvos de crochê ajudam a acalmar bebês
Não é fácil ter um bebê prematuro internado em uma UTI Neonatal. Família e criança sofrem com as dificuldades do ganho de peso, possíveis intervenções cirúrgicas e por não estarem em casa. Por isso, toda ação para aliviar essa dor é bem-vinda. A mais recente teve início na Dinamarca e já está sendo praticada em diversas cidades brasileiras. São polvinhos de crochê, confeccionados com fios 100% algodão, que são esterilizados e colocados dentro das incubadoras para fazer companhia aos bebês. Eles acabam agarrando os tentáculos do boneco, o que os médicos consideram ser uma lembrança do que faziam com o cordão umbilical no útero da mãe, e assim, puxam menos a sonda e os tubos de acesso.
“Antes de introduzir a técnica, pesquisamos bastante e decidimos adotar a ideia. Em uma semana, já pudemos observar que os bebês abraçam os polvinhos, seguram os tentáculos, e realmente estão mais calmos”, diz a pediatra Caroline Fukushima, do Hospital Angelina Caron, de Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba. A equipe da instituição também elaborou um projeto voluntário em que todas as quintas-feiras as famílias têm aulas para aprender a fabricar os polvinhos. Assim, quando um bebê ganha alta, ele leva para casa o boneco que usou durante a internação e a família deixa lá outro que tenha confeccionado.
As voluntárias do hospital estão aprendendo a técnica do crochê com a designer e artesã Dani Dalledone, de Curitiba. Ela leu notícias sobre o projeto Octo, da Dinamarca e, pouco tempo depois, uma conhecida sua teve um bebê prematuro, que nasceu com 26 semanas. “Fiquei pensando como podia ajudar. Fiz o polvo, fotografei e enviei a ela perguntando se podia mandar. Ela ficou super animada, uma semana depois conseguiu colocar na incubadora com o bebê”, lembra. Depois disso, uma das alunas de Dani fez contato com hospitais para divulgar a ideia. “Fizemos reuniões e então todos começaram a aceitar. Tivemos que correr para entregar tudo!”, conta a artesã. Hoje, os polvinhos já são utilizados na Santa Casa de Misericórdia, em Ponta Grossa, no Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, e no Evangélico, Santa Brígida e Maternidade Curitiba, na capital do estado.
Devido à repercussão em todo o país, o Ministério da Saúde divulgou uma nota técnica a todas as secretarias estaduais informando que não recomenda o uso dos polvos nas incubadoras, por não haver comprovação científica sobre seus benefícios. O Ministério esclarece que não proíbe o uso da técnica, mas sua utilização é responsabilidade de cada médico ou gestor. Os entusiastas dos polvinhos de crochê defendem que eles não vão ser mais eficazes que o contato com a família feito pelo método mãe-canguru, por exemplo, mas pode sim ser utilizado em conjunto. “Não é para substituir medicação, cuidados profissionais, mas é um aconchego para aquele bebê enquanto está na incubadora”, opina Dani Dalledone.
A artesã curitibana conta que pessoas de todo o Brasil estão a procurando para ajudar, seja mandando polvinhos ou dinheiro para compra de material. Ela também fez um livrinho impresso no qual ensina a produzir o boneco para deixar nas maternidades, além de um vídeo em seu canal do youtube (THM by Dani Dalledone) e um arquivo em PDF com todas as orientações em seu blog (http://www.thmbydani.com.br/blog).
Fonte: Revista Viver Online
Foto: Divulgação